Monarquia e modernidade, revisitar D. João VI
27-03-2011 14:52
Monarquia e modernidade
Citando Lídia Jorge,os portugueses têm uma visão religiosa (dogmática) do Estado.Portugal é um fim, um objectivo futuro em si mesmo e não um estado fisico presente ,um Estado Politico.Essa abordagem permite que o adiamento ou a interrupção da Monarquia conviva em perfeição com o sonho de um "monarca iluminado", vulgo D. Sebastião retornado das brumas uma monarquia redentora .Esta bipolaridade politica sofreu um sério revês com a guerra civil, de repente esta concepção ficou dividida entre Miguelistas e Liberais que (contráriamente ao que muitos pensam) ainda aindam ai (com outros nomes).Desde o sec. XIX que Portugal tenta modernizar-se pedindo emprestado (porque não temos fundos sendo esta a visão liberal) caindo ciclicamente na falência económica (porque os liberais têm apenas metade da realidade nacional...um abstencionista é um não participante económico em potência: alguém que não deseja participar do projecto que emerge de eleições legislativas) e nessa altura o miguelista em cada um renasce (qual fénix) a cogitar que afinal o desenvolvimento é mau e Portugal deve sobreviver por si próprio (visão miguelista que sempre soube que atrás de cada empréstimo vai parte da nossa independência moral) como uma torre de marfim...como não somos Reino Portugal segue sob a égide de um profeta politico que garanta a estabilidade social...uma Republica totalitária.
Portugal tem legiões de bipolares que gravitam entre "liberalismo" e "miguelismo" , entre a esquerda e a direita, entre a Monarquia e Republica sem nunca se decidirem pelo óbvio, pelo principio que garanta o caminho do meio (a mesma visão que fez de Maria da Fonte um movimento ou uma pessoa, uma revolução miguelista, socialista ou apenas um movimento contra a modernidade)...algures entre o caudilho e um corta-fitas: um Rei certamente!
Bom exemplo temos nós em D. João VI que soube equilibrar para manter, mas nós somos realmente os filhos mentais de D. Miguel e D Pedro...todos os dias a rasgar a Carta esperando numa qualquer aventura redimir os erros que vamos acumulando.As sucessivas republicas são essas aventuras na mesma óptica da crença em massa em jogos de sorte que fazem dos portugueses o povo europeu que acredita mais na sorte do que no mérito, mais na oportunidade do que no compromisso...desconheço o futuro de um País onde o Estado não tem crédito interno (abstenção é descrédito activo) ou externo, uma Nação onde uns remam e outros vogam mas um Estado que teve a sorte de ter o brilhantismo da linhagem de D. Maria a par com a dedicação e abnegação sem paralelo da linhagem de D. Miguel, dois activos reunidos hoje numa só família Real, uma herança de que poucas Nações se podem orgulhar de ter e ainda menos se podem arvorar de ter esquecido a um canto porque afinal ganhar o euromilhões é mais fácil e apelativo do que trabalhar todos os dias lutando por um futuro menos dogmático e mais real
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