SS AA RR em Férias no Algarve, no Inverno de 2003, 25 de Janeiro de 2003
30-07-2010 03:10DUQUES DE BRAGANÇA PASSAM FÉRIAS DE INVERNO NO ALGARVE
Pais de três crianças pequeninas, os duques de Bragança, como quaisquer pais conscientes e carinhosos, sabem bem como os horários são geridos em função das exigências dos filhos: Afonso, de seis anos, Francisca, de cinco, e Dinis, de três. Por isso, qualquer período de férias é aproveitado ao máximo. Foi o caso do curto interregno escolar de que usufruíram no Natal. A quadra festiva foi passada, como dita a tradição, em família, junto dos avós, na casa de Sintra, onde vivem. Com o passar dos anos, as crianças estão cada vez mais conscientes da importância da data, o que aumenta a alegria e o empenho dos três filhos de D. Duarte Pio e D. Isabel de Bragança. 'As crianças ajudaram a preparar o presépio e participaram muito. Muito mais do que anteriormente", revelou o duque de Bragança. De tal forma que foram os próprios que fizeram os presentes que ofertaram aos pais e amigos. Com enlevo, o pai fala das oferendas. "Foram desenhos, feitos por eles próprios, e muito bem feitos, por sinal, e eu recebi ainda um barquinho de madeira feito pelo Afonso. Apesar de a Francisca ser aquela que revela maiores apetências artísticas, o Afonso é extremamente habilidoso em trabalhos que exigem perícia manual", esclarece D. Duarte.
À semelhança do que se passa em algumas famílias mais tradicionais, o dia da entrega dos presentes em casa dos duques acontece a 6 de Janeiro, altura em que, segundo as Escrituras Sagradas do Catolicismo, os Reis Magos entregaram as suas ofertas ao Menino Jesus. "Mas apenas os meus presentes e os do pai. Os da restante família recebem-nos no dia de Natal", esclarece D. Isabel. "Há toda uma preparação para o Natal. Estabelecemos uma espécie de jogo que implica a obtenção de pontos consoante as boas acções praticadas por eles e o seu bom comportamento. De vez em quando perdiam um ponto, mas logo recuperavam", conta, divertida, a duquesa de Bragança. A ideia implica algum "sacrifício", admite, "mas quando alcançam o objectivo sentem uma maior gratificação". Afinal, a formação humana reveste-se de várias formas.
Mas foi antes disso, nos dias que se seguiram ao Natal, que a família rumou para sul, em busca de descanso e também de maiores benesses meteorológicas, para passar, a cinco, a semana que os separava da passagem de ano. "Pensámos ir para Santar e visitar a serra da Estrela, mas o meu irmão que vive lá não se encontrava lá nessas datas", referiram os duques. Além disso, por estar tão mau tempo em Sintra, o que mais lhes apetecia era ir de encontro ao sol, que no Sul lhes permitiu passeios à beira-mar, sempre tão do agrado dos mais pequenos. Desde que os filhos do casal estão condicionados pelo calendário escolar, todos os momentos livres são aproveitados, sendo normais estas saídas. "Agora que as crianças já não podem sair em qualquer altura do ano, há que aproveitar bem todas as oportunidades", revelaram, ainda que não neguem que, por vezes, por curtos períodos de tempo, também é bom fazer férias dos filhos.
Estas férias serviram também para fazer o balanço deste primeiro trimestre do primeiro ano do ensino básico que Afonso já frequenta. E, para já, o seu aproveitamento não dá azo a preocupações. "Ele gosta da escola e dá-se bem com os outros colegas", congratula-se o pai, sem esconder toda a verdade. "Há aulas em que está mais distraído", diverte-se D. Duarte complacente, consciente de que, afinal, as crianças são mesmo assim. Afonso tem sido uma revelação em algumas disciplinas. "E muito bom em desporto, em futebol, já a Francisca é mais aplicada nos estudos, não sendo, por seu turno, tão boa a desporto", compara. Certo e tranquilizador é que foi pacífica a transição de Afonso para o primeiro ano de escolaridade, já longe dos bancos do jardim infantil. "Adaptou-se muito bem, até porque já lá tinha amigos que conhecia", explicou o duque de Bragança.
Mesmo em período de descanso, os pais tentaram conjugar lazer com dever. "Incentivámos a brincadeira, e eles aproveitaram bem para brincar nas praias. Demos muitos passeios, mas, de vez em quando, estudávamos com eles, o que já não os entusiasmava tanto", confessaram, com um sorriso, os pais. Mas há outras formas de aprender, e as intermináveis buscas de certos tipos de fauna e flora também são academicamente proveitosas, e, nessa investigação, Afonso, o mais dedicado às Ciências da Natureza, é incansável. "Desta vez procurámos essencialmente plantas e caracóis", revela D. Duarte, sempre pronto a explorar os interesses dos filhos e a dar-lhes um carácter didáctico.
Nestes périplos que a família faz por Portugal com o propósito de mostrar aos filhos o país, há sempre uma vertente histórica e cultural. Todavia, desta feita a intenção era precisamente
"Para 2003, em relação
à família, desejo sobretudo que
seja sempre unida, tenha saúde
e que possamos estar sempre
juntos." (D. Isabel)
descansar. O que até os pais conseguiram, apesar de, mesmo em férias, os dias com crianças serem longos, pois começam cedo e nem sempre acabam cedo. "Durante o tempo de aulas, as crianças levantam-se às 6h30, o que não acontecia agora. Mas mesmo quando acordavam mais cedo do que nós, procuravam a companhia uns dos outros para brincar, o que nos permitia levantarmo-nos um pouco mais tarde", esclareceram. Entre si, os jogos são espontâneos e criam uma dinâmica interessante. "Quando cada um dos mais velhos está sozinho com o Dinis, ajudam-no e ensinam-lhe coisas, são protectores. Já quando estão juntos os três, o Dinis tem de lutar pelo seu espaço, e geram-se alguns conflitos." Nada que não seja normal entre três irmãos. Ainda no Algarve, mas já com um grupo familiar mais alargado, passaram o fim de ano e, pela primeira vez, as crianças foram acordadas à meia-noite para poderem ver o fogo-de-artifício. "Sentiram-se mais crescidos", revela D. Isabel, mas nem todos têm pressa de crescer. "O Dinis não quis acordar, mas depois ficou triste por não ter partilhado o momento com os outros", confessou a mãe.
As próximas férias serão muito possivelmente em S. Tomé e Príncipe, país onde D. Duarte esteve recentemente e pelo qual ficou fascinado. "Gostaria de lá voltar com eles. E o local ideal para umas férias em família. Com a devida medicação contra o paludismo, não há perigo algum", garante, concluindo: "E um país lindíssimo e com gente muito simpática." Enquanto o próximo período de descanso escolar não vem, e as férias grandes ainda estão longe, as crianças terão boas memórias desta curta paragem, as quais serão suficientes até aproxima aventura.
E a avaliar pela vontade do pai de lhes mostrar aquele país africano, deverá mesmo ser além-fronteiras. Neste momento, há que dar de novo atenção às suas obrigações e voltar à normalidade dos afazeres do dia-a-dia, sendo o mesmo verdade para os pais. D. Duarte, por exemplo, foi recentemente à Galiza, a fim de ver por si os danos do derrame de fuelóleo pela embarcação Presttge, já que as questões ecológicas sempre foram uma das suas preocupações. Esse foi, aliás, um dos pensamentos solidários que uniu a família nos desejos que formularam para o novo ano, a par de alguns outros: "O renascimento do sentido patriótico em Portugal" e a paz no mundo. "O drama da guerra, que parece iminente, é algo que muito nos preocupa", admitiu D. Isabel, uma assumida pacifista. "Mas temos muita esperança no Homem", sossega. A nível pessoal, os desejos não fogem à espiritualidade e à tranquilidade. "Sobretudo que a família seja sempre unida, tenha saúde e possamos estar sempre juntos." Quanto a um possível quarto filho, sorridente, apenas revela: "Se tivermos mais um filho, será, com certeza, bem-vindo. Não temos pianos, não estamos preocupados." Afinal, é sempre bom ser-se surpreendido.
CARAS-25 de Janeiro de 2003
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