O bicho papão
14-06-2010 09:20O "bicho papão" ou o "homem do saco" (acima retratado na sua origem germânica, como knecht-ruprech) , história para atemorizar as crianças sobre as consequências do seu mau comportamento (ou bom comportamento no caso do "pai-natal", também um "homem do saco" que a tradição nórdica soube transformar).
Para compreensão mais adulta, trata-se da história que melhor define as balizas onde se efectua o debate sobre a memória politica de Portugal. É um facto conhecido que os escassos 36 anos de Democracia são insuficientes para se atingir a maioridade democrática, mas Portugal não se explica em 36 anos nem a Democracia existe apenas há 36 anos, poís já existia no tempo da Monarquia, sendo apenas um valor temporal para distinguir que as 4 decadas de Estado Novo não foram democracia.
Como explicar que ainda haja quem diga, relactivamente ao comunismo e a propósito do 5º aniversário de Alvaro Cunhal e da reedição do livro deste:"O partido com paredes de vidro" (uma resposta à Perestroika) que é sintetizado desta forma:
De facto o único "bicho papão" que atemoriza a classe politica e o debate politico nacional é a Monarquia porque tudo o resto, desde marchas de extrema direita a evocações saudozistas de ditaduras de esquerda, é perfeitamente aceitável e passivel "de ser aplicado no futuro".
De nada serve a memória quando nada aprendemos com ela, nem sequer distinguir os "bichos papões" que apenas atemorizam crianças dos verdadeiros monstros colectivos que arrastam gerações de homens mulheres e crianças para valas colectivas e campos de concentração.
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